sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

JOVEM: O QUE DESEJAS?


Por: Rodrigo Delmasso (*)

Atualmente vivemos em um grande dilema: como combater a desigualdade social existente em nosso país? Dentro deste dilema encontramos desdobramentos, como por exemplo, o que será do futuro profissional de milhares de jovens brasileiros . Poucos estão bem encaminhados, possuem boa formação e outros atributos necessários para concorrer a uma posição confortável no mercado de trabalho. A grande maioria, entretanto, não teve o mesmo privilégio e luta para conseguir vencer a competição voraz do mercado de trabalho, onde a principal barreira a ser vencida é a famosa “falta de experiência”.

Mas existe uma outra classe que sequer tem o privilégio de estar disputando uma vaga. São aqueles que vivem à margem da sociedade e que, por sua situação precária, acabaram com seus sonhos e projetos de vida. Estou falando daqueles que não tiveram condições financeiras de estudar ou que abandonaram seus estudos por não agüentarem conviver com a fome durante os períodos de aula ou até mesmo aqueles que tentaram e sonharam, mas tiveram que abandonar seus sonhos para ajudar no orçamento familiar.

Estive em uma casa de um jovem aqui no Distrito Federal, que do seu quintal pude ter a noção da grande disparidade social existente na capital da República. De um lado avistamos o Congresso Nacional, símbolo do poder e das grandes decisões, e de outro lado avistamos casas sem saneamento básico, cujo esgoto corria a céu aberto e, dentro da casa um jovem que por conta de sua situação financeira enterrou seu sonho de ser Policial Militar. Sua esposa, também jovem, enterrou seu sonho de ser aeromoça por causa do mesmo motivo. Esta é uma dentre as centenas, milhares de histórias de pessoas que são esquecidas pelo poder público e também pela iniciativa privada.

Quantos jovens mataram seus sonhos por conta da voracidade do mercado? Quantas pessoas deixaram de acreditar em si por que não tem condições financeiras para realizar suas vontades primárias? Quantos pais se sentem frustrados por não conseguirem contribuir diretamente na realização dos sonhos de seus filhos? Enfim, hoje vivemos em um Estado que tenta olhar para o pulsar das ruas, mas as paredes frias palacianas muitas vezes ofuscam a verdade.

Falamos de projetos sociais, incentivos fiscais e de qualificação, mas nunca falamos do resgate do potencial de sonhar. De nada adiantam investimentos de milhões em grandes programas se as pessoas não conseguem sonhar. Como já dizia D. Quixote¹, quando se sonha sozinho é apenas um sonho, mas quando se sonha junto é o começo da realidade. Entendo que o estado Brasileiro precisa deste princípio - sonhar junto o sonho de milhares de jovens que tiveram seus sonhos assassinados. O resgate disto é o começo do verdadeiro desenvolvimento da nossa nação.

(*) Rodrigo Delmasso, é formado em políticas pública de juventude pela OBJ, é Vice-Presidente Regional do PTN-DF e Pastor do Ministério Sara Nossa Terra.

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